HISTÓRIA
Primeira fase da Diocese (1745 a 1824)
No período de 1745 até 1824, vivemos a fase das lutas pela independência da coroa portuguesa e a teologia liberal que impregnará os padres e bispos da época. É tempo de revoltas em toda a colônia com revoluções comandadas inclusive por padres como Frei Caneca na Confederação do Equador no Pernambuco.
Havia uma forte reivindicação de uma Igreja nacional e o ideal de liberdade e emancipação do jugo português vai crescendo até a emancipação. Os grandes senhores agrícolas se estabelecem em torno da cana de açúcar e o trabalho escravo vê reforçada sua crueza no massacre de milhões de africanos trazidos à força pelos navios negreiros. Nações inteiras como os nagôs, bantus, iorubás e jejes são escravizados e forçados pela Igreja a abandonar suas religiões tradicionais africanas assumindo sob o chicote o batismo cristão.
Este último participou ativamente e assiduamente dos acontecimentos políticos e da Independência do Brasil. Apoiou claramente a independência com o apoio do Cabido e do clero paulista. Fez parte do triunvirato que governou São Paulo. Mesclava ideias regalistas e liberais.
Segunda fase da Diocese (1824 a 1938)
No período de 1824 até 1938, vivemos o período da reforma católica da Igreja. A sociedade vive o período da revolução industrial nascente e da expansão capitalista. O fenômeno migratório que sempre caracterizou a geopolítica nacional vê-se agora marcado pela imigração de assalariados alemães, espanhóis e italianos. A Igreja vive a crise da formação do Estado liberal e o final do império, com forte característica clerical. É a reforma tridentina enfim chegando com força em terras brasileiras. É a nova cristandade convivendo com a luta abolicionista e a maçonaria. São Paulo passa neste período de 80 mil negros escravos a contar 174 mil escravos, particularmente nas fazendas de café. Em 1852, começam a chegar suíços trazidos para Rio Claro, e em seguida alemães e italianos. No dia 18 de julho de 1908, pelo navio Kasato Maru, os imigrantes japoneses chegarão ao interior paulista, instalando-se na linha Mogiana, introduzindo um novo mundo de relações, línguas, costumes e diferenças étnicas e religiosas. Vieram 300 mil alemães, cerca de 60 % luteranos principalmente para o sul do país. Nesta fase chegam os dissidentes da Igreja anglicana, e os templos de Igrejas protestantes são construídos em São Paulo a partir de 1871 sendo que em 1910, chegam os pentecostais.
No dia 03 de julho de 1858, começava a funcionar o Cemitério da Consolação, por ocasião da epidemia da varíola. Este era o primeiro cemitério organizado pela municipalidade. Entre 1775 e 1858, os cadáveres de escravos e indigentes eram amontoados em buracos abertos na Rua dos Aflitos, no atual bairro da Liberdade.
Cinquenta e dois por cento dos 580 mil habitantes da cidade, empregados como mão de obra na indústria paulistana em 1920, eram estrangeiros. A cidade de terra e barro é destruída e o tijolo torna-se o novo material das casas e igrejas. Em seguida o cimento armado. É a revolução das estruturas e arquiteturas.
Terceira fase da Diocese (1920 a 1964)
Vive-se desde 1920 até 1964, a teologia da restauração católica, tendo como expoente o Cardeal Dom Sebastião Leme do Rio de Janeiro. A Ação Católica se instala e cresce em todo o país, gerando filhos de porte intelectual como Alceu de Amoroso Lima. A ditadura militar de Getúlio Vargas de 1937-1945 encontra uma Igreja acomodada. O período populista e desenvolvimentista gerara a Democracia Cristã e uma teologia da neo-cristandade, seguida da teologia da recristianização da sociedade pela força do laicato organizado. Ao período das revoluções na década de 20, seguem-se as lutas por reformas sociais dos anos 30 e 40, até chegarmos ao golpe militar perpetrado em 1964. O fenômeno da urbanização marca a cidade de São Paulo que busca atender e responder de maneira tímida aos imensos desafios do urbano e da cultura emergentes.
Em 1940, a cidade possui 1.330.000 habitantes, e segundo o censo, o Estado de São Paulo detinha 43 % da produção industrial, e 35 % dos operários de todo país.
O Cardeal Motta instalou a PUC em 02.09.1946, e inaugura a atual Catedral em 25.01.1954. Iniciou em 20.04.1951, a Campanha "Uma Igreja em cada bairro", inaugura em 02.03.1956, a Rádio 9 de Julho, fechada em 1973, pela ditadura militar, e lança o primeiro número do jornal semanal "O São Paulo" em 25.01.1956. Em 1954, no IV Centenário da cidade, o Estado de São Paulo possuía 14 dioceses e a população da nossa Arquidiocese era estimada em mais de três milhões, o que a colocava como a maior do Brasil e segunda da América do Sul. Contava com 203 sacerdotes diocesanos num vastíssimo território com vários municípios da grande São Paulo.
Quarta fase da Diocese (1964 até 1998)
A partir de 1964 até 1998, a Igreja brasileira vive sob o signo da teologia da libertação, e da opção preferencial pelos pobres. É período de renovação da teologia bíblica, de distanciamento do poder político, particularmente no pastoreio de Dom Paulo Evaristo Arns. É o momento do surgimento das CEBs e da valorização dos movimentos sociais emergentes, e de resistência face à ditadura militar. Da Igreja das catacumbas, até a conquista da cidadania, a Igreja paulopolitana, assume o rosto dos pobres, e muda de lugar social, assumindo a causa dos pequenos.
Assim que assume a diocese, Dom Paulo incrementa fortemente a participação dos leigos nos passos do Concílio Vaticano II. Realiza a Operação Periferia, vendendo seu palácio Episcopal, e assume destemida defesa dos direitos humanos, constantemente violados pela ditadura militar. Torna-se voz dos sem voz, e arauto da justiça social em nossa pátria. É de sua responsabilidade a edição do "Brasil, nunca mais", marco na luta contra a tortura.
Cria novas regiões episcopais, realiza amplo plano de pastoral urbana, e lança as bases para a ação colegiada na grande metrópole de São Paulo. Criou as condições essenciais para a entreajuda do projeto "Igrejas-irmãs". Nestes últimos 25 anos, Dom Paulo cria 43 paróquias, e incentiva, e apoia o surgimento de mais de 2000 comunidades de base nas periferias da metrópole paulistana, particularmente nas atuais dioceses sufragâneas de São Miguel, Osasco, Campo Limpo e Santo Amaro, além das regiões de Belém e de Brasilândia. Esta era a resposta eficaz e efetiva ao crescimento desordenado, à miséria e à migração constante para a capital de São Paulo.
Cada setor deverá assumir e articular as quatro prioridades escolhidas pelo povo: Comunidades eclesiais de base, Direitos humanos e Marginalizados, Mundo do Trabalho e Pastoral da Periferia.
A arquidiocese começa a agir de acordo com planos de pastoral, nos moldes da CNBB, fixando a cada dois anos e depois a cada quatro anos objetivos e prioridades pastorais para garantir eficácia e unidade pastoral evangelizadora. Hoje estamos no sétimo plano válido para os anos de 1995 a 1998. Sempre motivados pelo lema: De esperança em esperança. As atuais prioridades são: Saúde, Moradia, Mundo do Trabalho e Educação. Depois de inúmeras divisões de seu território a Arquidiocese tem a seguinte configuração no ano de 1995: Existem atualmente em 1995, seis regiões episcopais, cinquenta setores de pastoral, três vicariatos ambientais, 261 paróquias territoriais e pessoais, dez santuários, 461 comunidades eclesiais de base, 25 pastorais articuladas na cidade, 36 movimentos de leigos, coordenados por dezenas de ministros e ministras leigas, com o apoio também ministerial de 2337 religiosas, 771 sacerdotes diocesanos e religiosos, 59 seminaristas, seis bispos auxiliares e o pastor diocesano, Dom Paulo Evaristo Arns. A arquidiocese compreende somente 635.33 Km² dos 1509 Km² do Município. A população em 1995 é estimada em nove milhões de habitantes.
Quinta fase da Diocese (1998 até hoje)
Dom Cláudio Hummes foi nomeado em 15.04.1998, Arcebispo de São Paulo e tomou posse em 23.05.1998. Foi criado Cardeal Presbítero do Título de Santo Antônio de Pádua na Vila Merulana em 21.02.2001, pelo Papa João Paulo II. O Papa Bento XVI nomeou, em 30 de outubro de 2006, Sua Eminência Cardeal Cláudio Hummes, OFM para Prefeito da Congregação para o Clero.